terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Paralelos que incomodam


Apenas para quebrar o silêncio e atender a uns poucos pedidos de alguns entusiastas, que, como eu alimentam a idéia de que ainda possamos ter um município desenvolvimentista de fato, resolvi sair de meu temporário estado de hibernação, para rabiscar essas poucas linhas, despretensiosas, claro, mas, fruto do que penso e de como vejo o momento político que vivemos.

Poucos momentos na história universal foram tão aguardados como o que aconteceu nesse 20 de janeiro - “Dia de São Sebastião”. Somente diante do Capitólio, mais de 2 milhões de pessoas acotovelaram-se sob um frio de 7 graus negativos para assistirem a posse de Barack Hussein Obama, 44 anos, 44.º presidente dos Estados Unidos e o primeiro afro-americano a ocupar o cargo.

Esse número impressiona, porém, não é nada comparado aos milhões de expectadores espalhados em todo o planeta, ávidos por ouvirem a mensagem de fé e esperança, que ecoou do discurso do advogado negro, que se elegeu senador e quatro anos depois, comanda a maior potência mundial. Se não fizesse nada, Obama já teria seu nome escrito em destaque, nas páginas da história universal.

Seu antecessor, George Walker Bush, também garantiu seu nome na história e deixa para a posteridade um legado vergonhoso e a pecha de ter sido talvez o pior presidente dos Estados Unidos da América do Norte, cujos melhores feitos sucumbiram ante a avalanche de equívocos daquele que (des)governou o país por oito anos.

Duas guerras iniciadas, um contingente de soldados mortos, uma impopularidade ímpar e uma das maiores crises econômicas já vistas em todo o mundo, são algumas das muitas tristes heranças do atual governo, cujo desafio hercúleo exige muito mais do que apenas boa vontade e fé no “Deus que salva a America”.

Ao contrário do que muita gente imagina Obama não é unanimidade, embora sua cerimônia de posse tenha talvez levado a essa crença, sobretudo aqueles mais entusiastas, cuja análise política fundamenta-se apenas na falsa idéia de que “meu candidato ganhou agora tudo vai dar certo”. Certamente não é assim. Antes mesmo de assumir o governo, o presidente já começou a enfrentar crises internas, com seus aliados mais diretos envolvidos em denúncias de corrupção.

Mesmo assim, espera-se do novo presidente americano uma postura governamental capaz de pelo menos reduzir as tensões internas e acalmar a comunidade internacional, sobretudo no campo financeiro, onde o vendaval da crise mundial desmoronou impérios até então solidamente estabelecidos. Pelo menos três das maiores montadoras de automóveis dos Estados Unidos, símbolos de poder econômico e status estão à beira da falência, com reflexos imediatos em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Guardadas as devidas e necessárias proporções, tanto lá com cá, na gloriosa terra de Álvaro Maia, o povo aguarda ansioso o que de fato virá em seu benefício. Sabe-se que mudanças estruturais, levam tempo para surtirem algum efeito, mas, o povo, este sim, nem sempre sabe esperar, sobretudo quando o gestor maior, elegeu-se sob a promessa de que dias melhores viriam. A fome, a doença, o desemprego e todas as demais mazelas sociais, não esperam, não escolhem vitimas e não possuem cor ideológica, muito menos política.

Estamos diante de um novo governo, cujas ações estão sendo acompanhadas par-e-passo por toda a população, amigos e inimigos, aliados e adversários, que não darão trégua e não aceitarão qualquer deslize, erros ou equívocos. Um governo marcado para ser modelo de administração ou um retumbante e inesperado fracasso. Não haverá meio termo. Não há (ainda) rejeição, portanto, nesse momento, uma ansiosa, porém paciente espera pelo que virá.

Sabe-se que não se pode avaliar um governo com apenas 20 dias de efetiva atuação, como, aliás, erroneamente muitos desavisados o fazem, alardeando coisas que sabidamente não são verdadeiras. É preciso esperar, dar tempo ao tempo. A história se conta e se avalia décadas e décadas após. Até hoje ainda não se tem um verdadeiro veredicto sobre alguns dos mais importantes momentos vividos na história universal. Pensadores, analistas e cientistas ainda dividem opiniões quanto às guerras, governos, tragédias, etc. o que dizer então de um governo que apenas começa a caminhar?

Não precisamos ser analistas para sabermos que qualquer governante que inicie seu mandato, sofre uma tremenda pressão de seus próprios pares, todos ávidos, por serem agasalhados ou agasalharem a seus apaniguados. Há também os acordos políticos e financeiros que precisam ser honrados. E, claro, não se pode esquecer as disputas e demanda internas, invisíveis e silenciosas, mas, que incomodam e, se não forem debeladas, acabam se tornando conhecidas do grande público, desgastando o governo e lançando dúvida sobre sua real eficácia.

Quanto ao governo municipal passado, este também, não pode ser dissecado e avaliado com apenas 20 dias de seu encerramento, como, aliás, alguns erroneamente o fazem, sustentando-se apenas em idiossincrasias, quando não, ressentimentos ou mágoas pessoais. Este certamente não é o papel daqueles que buscam de fato contribuir com o desenvolvimento do município de Humaitá. Exaltar um em detrimento de outro é idiotice, infantilidade e prova cabal da falta de competência e conhecimento. Deixemos a história falar por si. Ela certamente, hoje e sempre, falará em testemunho da verdade, da coerência e da razão.

Elias Pereira*

Um comentário:

  1. Ta muito bom Elias, voce esta com certeza dentro daquilo que podemos fazer... aguardar e esperar o novo governo despertar pra começar a trabalhar pelo povo, pois não cabe mais a eles o ataque... apenas o trabalho pra que se evite o "Não falei que eles não fariam nada?" kkkkkk
    O tempo é o senhor da razão, estamos de olho!!!

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