sexta-feira, 17 de outubro de 2008

As estercúlias (lamentavelmente) estão de volta!

O famoso escritor americano Jonh Grisham, em sua não menos conhecida obra “O Último Jurado” – ed. Rocco, ressaltou à página 83, capítulo 9, que “uma imprensa livre e sem restrições é essencial para um sólido governo democrático”. Advogado de formação, Grisham sabia o que estava dizendo.
Aliás, a liberdade de expressão é no nosso entender cláusula pétrea, estampada em nossa Carta maior, precisamente nesses termos: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (Art. 5º, IV). A liberdade de expressão é, portanto o instrumento legítimo, democrático e constitucional através do qual externamos nossas opiniões, favoráveis ou contrárias, agradáveis ou não.
Entretanto, não se pode em nome de uma suposta “liberdade de expressão” enxovalhar e achincalhar o nome de quem quer que seja, ainda que o mereça, que faça jus à contundência das palavras que o qualifique como isso ou aquilo. Por outro lado é igualmente repulsiva e condenável a prática do anonimato, sobretudo quando se trata da manifestação de opinião, e, mais ainda, através de panfletos apócrifos, verdadeiras estercúlias que brotam do lamaçal apodrecido e fétido que compõe a mente doentia de quem por fraqueza de caráter ou moral duvidosa, não reúne a coragem e a honradez necessárias para assumir aquilo que pensa, as idéias que defende, os planos que anseia executar, notadamente no campo político.
As estercúlias, lamentavelmente estão de volta! E cada vez mais deprimentes, cada vez mais encharcadas da vil torpeza e da mágoa rancorosa de quem as produz. Se torcermos uma dessas chamadas “cartinhas”, surgirá o grosso caldo da injúria, da difamação, e, acima de tudo, da insensatez de quem, por falta do que fazer, ou pelo simples prazer de ser um ser vil e ignóbil, fruto do submundo irracional da indecência, se dá a esse labor.
Circula na cidade, mais um produto dessa gentinha menor, sub-produzida, reculhamba que não tem coragem de mostrar o rosto. Mais um produto de quem destila a própria incompetência, nesse tipo de expediente, sempre de forma desrespeitosa, afrontosa e vil.
Ao se lançar mão desse expediente, lança-se sobre os mais diferentes cidadãos, a suspeita da autoria de tais manifestações, o que enseja, por conseguinte, sentimentos pouco recomendáveis, sobretudo naqueles atingidos diretamente por tais ataques. E novamente evocando um epistolar artigo de nossa Constituição, “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (art. 5º. X), reiteramos nosso repúdio e nossa decepção, com uma minúscula porção de nossa sociedade, que bem poderia estar fazendo algo de bom.
Assim sendo, cumpre-nos desafiar àqueles (as) que têm buscado na sombra dessa prática torpe e maledicente, manifestar opinião acerca do governo municipal, da Câmara de vereadores, famílias de Humaitá, ou seja lá qual for o assunto, a mostrarem o rosto, assumirem suas posições, demonstrarem o quanto são cidadãos de bem, de respeito e de caráter ou, assumirem de vez, não de forma velada, sua canalhice, despreparo, incompetência e todos os demais traços negativos que os impulsionam a esse espetáculo trágico, deprimente e doentio.

Elias Pereira

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Naquele Grupo Escolar

Corria o ano de 1975, o diretor Luis da Silva Santos, com seu inconfundível sino de mão, anunciava o início de mais um ano letivo, naquela tarde quente de fevereiro ou março, quando a televisão ainda não perturbava o silêncio dos poucos moradores que circundavam o famoso Grupo Escolar Osvaldo Cruz, marca indelével de boa educação.
A balbúrdia de dezenas de meninos e meninas, com seus Congas Azuis, enfileirados sob o sol escaldante - eram 13 horas - prenunciava que aquele diretor teria mais um ano de muito trabalho e intensa atividade, o que, aliás, lhe renderia, naquele e nos vindouros anos, uma cabeleira, ou o que restou dela, esbranquiçada e rala, coisa que a Bíblia chama de cãs.
Imponente e bela, a catedral de Nossa Senhora da Conceição, assistia do alto o deslizar silencioso das águas barrentas do rio Madeira, correndo em direção ao Purizinho e outras paragens. A enorme imagem do Cristo crucificado, à entrada da Catedral, inspirava fé nos mais velhos e metia medo em muitos daqueles iniciantes na vida escolar, que mais tarde se acostumariam de qualquer jeito a ela.
Ali próximo, a intendência cuidava de sua rotina e da vida de pouco mais de 1.700 moradores da cidade. A maioria da população do município, estava radicada no interior. No coreto e com o suor escorrendo pelo rosto, alguns transeuntes recobravam o fôlego, antes de seguirem na caminhada, rumo aos seus interesses. Algumas sombrinhas coloridas indicavam que senhoras estavam à procura de fazendas e aviamentos, nas casas do ramo. Era preciso costurar para todos da casa.
No Patronato Maria Auxiliadora, as meninas com seu inconfundível uniforme de “x” nas costas, davam um tom de elegância e status àquele educandário, freqüentado só “por quem podia estudar no Patronato”, era o que diziam. Os meninos, por sua vez, já eram aceitos como alunos. O Patronato inicialmente, fora criado para hospedar e educar apenas moças.
O som estridente do sino do diretor Luis Santos, era o sinal claro de que se pedia silêncio e ordem nas filas, condição para o canto do Hino Nacional e avisos de interesse coletivo. À ordem do diretor uma a uma, as filas se desfaziam rumo às salas, pela ordem. O 1º. ano primário – ali onde estávamos, saia primeiro. Estava na hora de conhecer, em uma das salas de baixo, o mundo dos livros. O primeiro deles, a Cartilha Caminho Suave.
Devidamente acomodados, os alunos do primeiro ano em suas carteiras de madeira, com lugar pra dois, ouviram pela primeira vez, a voz daquela, que dali por diante, seria a companhia diária e necessária da turminha. Firme em sua postura, mas, delicada como toda “querida professora”, nossa Mestra, Maria Inês Mariúba Marques, dava mais uma vez o tom inicial naquela orquestra que seria regida por ela, naquele ano de 1975, quando a Paranapanema S.A. e a Construtora Andrade Gutierrez S.A. ajudavam aos pais de muitos daqueles garotos e garotas, a peso de muito esforço e suor, levarem para a casa, o pão de cada dia.
Hoje, mais de 30 anos depois, reencontro minha professora Maria Inês, celebrando mais um aniversário. Marcada pela inexorável passagem do tempo, ainda conserva o ar de serenidade, mantém a velha postura de professora e seguramente, guarda em seu relicário, a lembrança de toda uma vida dedicada aos filhos de Humaitá.
Quantas lembranças, quantas recordações, quantas lágrimas, quanta alegria, decepções também há. A tristeza de ver seu primeiro colega de escola, morto a facadas anos depois, por um amigo seu, em uma festa no Chapéu de Palha. Era conhecido como “Vero”. Não me lembro mais do seu nome.
E assim a vida segue o seu curso. Com suas histórias, suas mentiras e suas verdades. Hoje contadas via e-mail, ao celular. Quem imaginaria isso àquela época. Era o “sofisticado” telex que aproximava as pessoas.
Com essas memórias, homenageio-a minha querida mestra Maria Inês. E em seu nome a todos os verdadeiramente professores e professoras que se dedicam a essa nobre causa. Aos canalhas, crápulas, baderneiros, arruaceiros e todos os demais que se disfarçam de professores, apenas para benefício próprio, o nosso repúdio.
E nessa homenagem, a manchete de capa, do jornal O Madeirense, que em sua edição nº. 011, de 12 de maio de 1918, assim abriu aquela edição histórica: “GRUPO ESCOLAR OSWALDO CRUZ – O povo humaythaense vai assistir no próximo dia 15 do corrente, a um dos espetáculos mais arrebatadores que o mundo pode offerecer. O mundo luminoso do pensamento: a inauguração de um grupo escolar, de um templo de resplandecimentos, onde se comprehende a belleza da vida, pela Bíblia do A,b,c. por uma coincidência que podemos classificar de maravilhosa, esse edifício destinado a espalhar lampejos de sol, terá suas portas abertas, precisamente no dia em que se comemora o anniversário da elevação de Humaythá, á cidade”.

Elias Pereira*


terça-feira, 14 de outubro de 2008

IV Jogos Universitários de Humaitá

Após a euforia das eleições municipais, a movimentação do último fim-de-semana em Humaitá, ficou por conta da realização da IV edição dos Jogos Universitários, envolvendo mais de 500 atletas universitários de diferentes instituições, familiares, torcedores e população.

Organizado pelo curso de Matemática da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, os jogos foram realizados de 10 a 12 de outubro, no ginásio da Escola Estadual Governador Plínio Ramos Coelho – GM3, que nos três dias de competição recebeu centenas de torcedores. Participaram as Instituições UFAM, UEA, ULBRA e FATEP.
Na cerimônia de abertura, na noite de sexta-feira (10), foi realizado o tradicional concurso Garoto e Garota Universitária, com representantes de todos os cursos de graduação existentes na cidade. A cerimônia ainda contou com a tradicional chegada da tocha olímpica e com uma partida amistosa de futsal entre atletas de Humaitá e do vizinho município de Lábrea. O balé da Escola Betel, foi outro ponto alto da cerimônia de abertura.
Um momento de grande comoção foi o minuto de silêncio em homenagem póstuma à acadêmica do curso de Biologia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Simone Prattes, atropelada e morta na noite do último dia 04 de outubro. A cerimônia de abertura foi conduzida, a convite da Comissão Organizadora, pelo radialista Elias Pereira, da Rádio Vale do Rio Madeira.

Confira os resultados:

FUTSAL FEMININO
- 1º. Lugar: Curso de Educação Física da UEA
- 2º. Lugar: Pedagogia – UFAM
- 3º. Lugar: Engenharia Ambiental – UFAM

FUTSAL MASCULINO
- 1º. Lugar: Engenharia Ambiental – UFAM
- 2º. Lugar: Agronomia – UFAM
- 3º. Lugar: Educação Física – UEA

VÔLEI FEMININO
- 1º. Lugar: Letras – UEA
- 2º. Lugar: Educação Física – UEA
- 3º. Lugar: Matemática e Física – UFAM

VÔLEI MASCULINO
- 1º. Lugar: Matemática e Física – UFAM
- 2º. Lugar: Educação Física – UEA
- 3º. Lugar: Educação Física - UFAM

VRM deverá entrar no ar nos próximos dias

A Rádio Vale do Rio Madeira, que desde a tarde do dia 25 de setembro encontra-se fora do ar, deverá entrar em operação nos próximos dias, segundo informações de sua direção. De forma “misteriosa” a torre da VRM de 120 metros de altura, veio abaixo, ao final daquela tarde de quinta-feira.
Para muitos, a queda da torre foi resultado de um atentado político. Para outros, obra da natureza. De uma forma ou de outra, a empresa vem arcando com os enormes prejuízos financeiros e sociais, já que a VRM é a única emissora a atingir toda a zona rural do município e cumpre um papel fundamental na transmissão de avisos, recados, etc, além de possuir uma programação diversificada, distribuída em mais de 15 locutores, que se revezam durante 20 horas de programação diária.
De acordo com um dos proprietários da Emissora, Írio Jabes Guerra de Souza, “estamos fazendo todo o possível para não deixar o município órfão de comunicação, pois sabemos da importância da emissora para Humaitá e região, pois ao longo de mais de 20 anos, a VRM tem sido a voz do povo de Humaitá”.
Uma empresa de Goiânia-GO é a responsável pela reconstrução de toda a estrutura que irá permitir a retomada de todas as atividades da Rádio Vale do Rio Madeira. Ainda de acordo com a direção, esse tempo fora do ar está sendo utilizado para uma verdadeira reformulação em sua grade de programação, o que permitirá que a emissora volte com muito mais atrações e ainda muito mais fortalecida em termos de liderança.

Quem matou Simone?

O brutal atropelamento e a conseqüente morte da jovem senhora Simone Prattes, ocorrido na noite de 04 de outubro (sábado), véspera da eleição municipal, continua sem solução. Apesar de todo o clamor popular, passeata de protesto dos colegas de trabalho, nem as autoridades, muito menos a imprensa abordam o assunto. Curiosamente, a “imprensa” local, que tanto ‘berra’ pra lá e pra cá, denunciando isso e aquilo, nenhuma vírgula escreveu sobre o ocorrido.
Esposa de um sargento do Exército Brasileiro, a jovem Simone retornava para casa, aí pelas 21 horas, quando foi violentamente atropelada por um veículo, cujo condutor, evadiu-se do local, sem prestar qualquer socorro. Agonizante, a vitima foi socorrida por populares, sendo recolhida ao Hospital de Humaitá, onde trabalhava.
Apesar de todo o esforço dos médicos, Simone faleceu momentos depois. Como morava apenas com o esposo, que na ocasião encontrava-se em missão no Distrito de Santo Antonio do Matupi (BR-230, km 180), o corpo gélido da moça ficou à espera do marido no necrotério do hospital. Fala-se que tem “gente grande” envolvida no crime. Uma suposta autora do atropelamento, teria se apresentado à Polícia Civil de Humaitá.
De concreto mesmo, apenas a dor da família enlutada, no Rio de Janeiro, que a duras penas suportou a dor da notícia da morte e a agonia da chegada do corpo da vítima. Concreta também é a revolta de amigos de trabalho e colegas de faculdade. Simone Prattes era acadêmica do curso de Biologia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM. Houve protestos, passeatas, pedidos de justiça. Mas, a pergunta continua. Quem matou Simone?

Elias Pereira

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Caros amigos e amigas

Amigos de Humaitá....

Em meados do ano de 2005 para 2006, dediquei-me a escrever vários textos, refletindo os rumos do nosso município, do ponto de vista político, social, econômico e cultural. Dadas as muitas atividades que me absorviam quase todo o tempo, incluindo trabalho e estudos, dei uma brecada na produção.
Agora, retomo esse trabalho, pelo prazer de escrever e pela necessidade de continuar refletindo nosso município, sobretudo, agora, quando iniciaremos um novo governo municipal. Quero convidar a todos para que juntos tenhamos essa consciência, que precisamos fazer ouvir nossa voz, seja debatendo, analisendo ou contribuindo com nosso conhecimento e experiência.
Ainda não publico nenhum texto novo, por enquanto, releio os antigos, que a bem da verdade têm muito de atual. Desejo que os amigos e amigas também os leiam, ou reeleiam. Um abraço e conto com a colaboração de todos.

Elias.

136 anos: nuvens no horizonte

Se a célebre constatação de Pero Vaz de Caminha, “nessa terra em se plantando tudo dá”, houvesse ecoado nos idos de 1869, mais precisamente nas paragens de Humaitá, não estaria em absoluto, fora de contexto, aliás, a pródiga terra-mãe que a todos acolheu e acolhe, tem testemunhado o apogeu e declínio de sucessivas gerações, seus sonhos, anseios e desilusões.Foi ela que encheu os olhos do destemido Francisco Monteiro, homem de fibra, que nela deitou as sementes da esperança de fartura e do sonho de riquezas. Foi ela que de coração aberto, acolheu levas de nordestinos, que em busca do “ouro branco”, embrenharam-se mata a dentro, regando com sangue, suor e lágrimas, o pedaço que mais tarde lhes serviria como última morada.Foi ela que de suas entranhas pariu gente do porte de Álvaro Botelho Maia, célebre defensor do caboclo amazônida, homem de inigualável saber e de retumbante discurso que a todos empolgava, bravura comparada a do destemido tuxaua Ajuricaba.Foi esta terra-mãe que de seu lugar privilegiado, viu a história ser escrita por mãos inteligentes, sábias, cujo ímpeto maior sempre foi o bem estar coletivo e a luta pelo bem comum. Mas viu também mãos sórdidas, gananciosas e ágeis, a dilapidar nossas riquezas e destruir nossos sonhos.Foi esta terra, que de braços estendidos, permitiu que nela fossem lançadas as sementes da fé. A religião era tão importante quanto necessária. Aliás, a seu modo, o homem não vive, sem religião.É ela, que guarda no seu relicário, um enorme corolário de histórias, contos, lendas, enfim. Belas histórias, que o tempo, silenciosamente está apagando, histórias que infelizmente estão sendo esquecidas na mente das poucas pessoas, que ainda delas se lembram.Mas é ela também, que vê raiar um novo, dia, um novo tempo, uma nova geração, uma nova forma de se tratar gente e coisas, governo e população. É ela que nos aponta novos caminhos e novas saídas, nuvens no horizonte, pequenas ainda, mas que já prenunciam uma nova realidade, graças a Deus! Nuvens que hão de trazer a esperada chuva de prosperidade e justiça, que haverá de inundar cada pedacinho desse chão. Chuva de moralidade, ética e respeito à coisa pública. Chuva de compromisso de seus governantes com a transparência, a seriedade e honestidade.Esta querida terra-mãe, abençoada por Deus e bonita por natureza, há ver seu povo letrado, respeitado, tratado como gente! Há de ver sua gente bonita, tratada com seriedade, porque gente daqui, não é coisa, objeto, gente daqui, pensa, sente, sonha, é inteligente e sabe cobrar.Essa terra-mãe há de ver governantes corruptos, recebendo o tratamento que merecem a injustiça sendo espancada impiedosamente e a intolerância dando lugar ao compromisso cristão da tolerância e do convívio pacífico de todos os cidadãos.Nossa querida terra mãe há de ver, o brado de Álvaro Maia, romper décadas e décadas de silencio, para finalmente produzir os efeitos que o tuxaua humaitaense tanto sonhava. A 9 de maio de 1923, em seu discurso Canção de Fé e Esperança, comemorativo à adesão do Amazonas à Independência do Brasil, Álvaro Maia recorreu ao exemplo de Ajuricaba, e assim sentenciou: [...] acordar na alma da mocidade, as energias adormecidas, vertendo-lhe aquele desapego que levou Ajuricaba à rebelião e à morte dos modos supremos de reagir às opressões e tiranias. [...] e com o pensamento na claridade redentora de amanhã, sonhando homens livres dentro de uma nação livre e um grande Amazonas integrado a um grande Brasil, fraternizados pela comunhão da terra e da raça, pelo mesmo ideal do idioma e da história [...].

Apenas erros!

Aurélio Buarque de Holanda deve estar se revolvendo no túmulo, “P” da vida com os novos significados que estão sendo atribuídos a conhecidos vocábulos da língua portuguesa, tudo em nome de um mutirão em prol da salvação de um batalhão vermelho que até muito pouco tempo desfraldava a bandeira da moralidade e empunhava impoluto, a espada da moral e da ética no governo.Quem não se lembra do Zé Dirceu com seu sotaque caipira, gritando palavras de ordem e pregando cartazes contra o que ele e sua trupe classificavam como corrupção, desmandos, etc. E olha que ele não estava só!Pois bem, a mesma turma, agora chafurdada no maior lamaçal de corrupção jamais visto na história do Brasil, tenta a todo custo, dar uma nova interpretação ao que já se sabe é maracutaia mesmo, e dá braba! Crime de responsabilidade, roubo, tráfico de influencia, apropriação indébita, evasão de divisas e outros horrores, agora são ERROS, Apenas, ERROS!O PT pede desculpas à nação pelos erros, Lula diz que foi traído e reconhece os erros do governo, a Polícia Federal, as CPMI´s e o Ministério Público, tentam rastrear os erros cometidos, e tro-lo-ló e tro-lo-ló....Errar, segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira é 1. cometer erro, enganar-se em; 2. cometer erro(s); falhar. Assim pode-se equivocadamente entrar em uma rua errada, enganar-se no número discado, atrapalhar-se na indicação de um item de uma prova, etc.O caso em questão, entretanto, vai muito além. É corrupção institucionalizada, uso sistemático do poder em benefício pessoal, acúmulo de riqueza às expensas dos cofres públicos; é desvio de milhões de Reais que deveriam ser aplicados nas inúmeras frentes de combate às desigualdades sociais, que até então só tem servido para alimentar a criatividade das empresas de publicidade, que a serviço do governo, pregam um Brasil irreal.Se todo esse festival de corrupção não nos causa indignação, indignemo-nos ao menos pelo equívoco semântico, pela manobra, de se tentar minimizar os desmandos cometidos por um governo que tropeçou na própria vaidade e que agora se utiliza de termos muito bem escolhidos, mas que não retratam e nem incriminam a quem não pode escapar da responsabilidade pelos “erros” cometidos!

Educação: importante ou prioritária?

Um país que convive com históricas discrepâncias sócio-educacionais, acostumado a confundir educação com ensino, com Leis cujo teor mais marcante ainda é o privilégio das minorias, é chamado mais uma vez, e desta feita, a classe universitária – um de seus tesouros mais preciosos, a discutir, comentar e refletir sobre sua educação.Tarefa hercúlea. Desafio de titãs. Obra, aliás, sempre inacabada, seja pelo desafio constante de se encontrar novos modelos, novas formas de transmitir o saber, seja pela inércia e indiferença daqueles que justamente deveriam, já pelo tempo, ter dado uma resposta à provocação que enseja o título desse enorme desafio.Falar da importância da educação é relembrar as pegadas na areia daqueles, que por primeiro, fincaram ao pé da santa cruz, uma meia dúzia de palavras, poucas, porém o bastante para delinear os caminhos que durante décadas a fio, nortearam os métodos e a filosofia da educação brasileira, a religião católica.Pensar educação enquanto prioridade é lembrar dos milhões de analfabetos funcionais, que tão-somente servem para engrossar as estatísticas dos insaciáveis organismos internacionais, ávidos por encalacrarem ainda mais nossas “inocentes” autoridades educacionais.Por entender a educação tão importante quanto prioritária, Fernando Henrique Cardoso “criou” o estereotipado FUNDEF, cuja siga, por si só já demonstra o quanto a educação é dicotômica, ao se priorizar um nível em detrimento do outro, como se quem está de cá, comesse menos do que quem está de lá!Lula então, “consertou”. Propôs o FUNDEB. Claro! O modelo Neoliberal de FHC, não satisfaz ao radicalismo de quem, pelo menos no discurso, afina-se com Marx, Lênin, Mao Tse Tung, dentre outros.Juntando-se este àquele, tem-se uma enxurrada de Programas, que igualmente têm servido apenas para mostrar que o Brasil, país de profícua magnitude intelectual trata sua educação como qualquer coisa, menos importante, muito menos prioritária.Um exemplo disso é o livro didático “retornável”. Além de ser um verdadeiro “céu sem estrelas”, ainda traz a enorme contribuição de inibir e tolher toda e qualquer iniciativa do educando. Não pode rabiscar, fazer anotações, rasurar; aquelas coisas próprias do processo de descoberta do universo escolar.Trata-se então de uma tomada de posição, não em relação à questão importante ou prioritária, antes sim, da aplicação de uma educação contextualizada, regionalizada, ministrada por professores-educadores, bem pagos, capacitados, dedicados.Não bastam apenas belos modelos e belos discursos. Nisso, somos bons. Mas, nas palavras do escritor americano Richard Bach, “Aquilo que você mais sabe ensinar, é aquilo que você mais precisa aprender”.

A liberdade de expressão e o anonimato

O famoso escritor americano Jonh Grisham, em sua não menos conhecida obra “O Último Jurado” – ed. Rocco, ressaltou à página 83, capítulo 9, que “uma imprensa livre e sem restrições é essencial para um sólido governo democrático”. Advogado de formação, Grisham sabia o que estava dizendo.Aliás, a liberdade de expressão é no nosso entender cláusula pétrea, estampada em nossa Carta maior, precisamente nesses termos: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato (Art. 5º, IV).A liberdade de expressão é, portanto o instrumento legítimo, democrático e constitucional através do qual externamos nossas opiniões, favoráveis ou contrárias, agradáveis ou não.Entretanto, não se pode em nome de uma suposta “liberdade de expressão” enxovalhar e achincalhar o nome de quem quer que seja, ainda que o mereça, que faça jus à contundência das palavras que o qualifique como isso ou aquilo.Por outro lado é igualmente repulsiva e condenável a prática do anonimato, sobretudo quando se trata da manifestação de opinião, e, mais ainda, através de panfletos apócrifos, mal escritos e que arvoram a si, o direito de serem a “voz do povo”.Ainda que o sejam, o anonimato é a arma do covarde, o recurso de quem por fraqueza de caráter ou moral duvidosa, não reúne a coragem e a honradez necessárias para assumir aquilo que pensa, as idéias que defende, os planos que anseia executar, notadamente no campo político.Não chamemos, portanto de “jornal” o papelixo que vez ou outra circula na cidade, abordando os mais variados temas, contudo sempre de forma desrespeitosa, afrontosa e vil.Ademais, ao se lançar mão do anonimato, lança-se sobre os mais diferentes cidadãos, a suspeita da autoria de tais manifestações, o que enseja, por conseguinte, sentimentos pouco recomendáveis, sobretudo naqueles atingidos diretamente por tais ataques.E novamente evocando um epistolar artigo de nossa Constituição, “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (art. 5º. X), reiteramos nosso repúdio à prática do anonimato, em se tratando da manifestação do pensamento.Assim sendo, cumpre-nos desafiar àqueles que têm buscado na sombra dessa prática torpe, manifestar opinião acerca do governo municipal, da Câmara de vereadores, enfim, a mostrarem o rosto, assumirem suas posições, demonstrarem o quanto são cidadãos de bem, de respeito e de caráter.Do contrário, resta-nos acreditar na preceituação bíblica, de que “nada há oculto que não venha a ser revelado”.

O vôo das mariposas

Por qual de suas características você gosta de ser lembrado? O que torna mais evidente sua pessoa? Inteligência, status, profissão, sobrenome?Ainda que não queiramos, não façamos questão, ou sequer nos esforcemos para lembrar disso, todos carregamos nossas “marcas”, aspectos e características que ainda que estejamos ausentes, fazem com que sejamos lembrados. Mas esse não é um privilégio só das pessoas. Organizações e lugares também carregam suas marcas. Quando falamos em Microsoft, por exemplo, logo lembramos de computador. Quando se menciona o epíteto “rei do futebol”, de quem lembramos? Pelé!E quando falamos de Humaitá, qual sua característica mais marcante? Álvaro Maia? O príncipe dos poetas amazonenses? Ferreira de Castro, poeta português que imortalizou nas páginas do best seller “A Selva”, as lembranças da infância e adolescência vividas ali no seringal Paraíso? O imponente e impetuoso rio Madeira, cantado e decantado em prosa e verso? Talvez seu enorme potencial agrícola, com seus milhares de hectares de campos cultiváveis? São muitas e variadas as “marcas” que lembram positiva ou negativamente o centenário município de Humaitá.Dentre estas, uma que infelizmente pode concorrer para a triste marca de rota da prostituição infanto-juvenil, notadamente por estarmos entre duas capitais e sermos uma espécie de elo entre elas, passagem obrigatória. Lugar onde inevitavelmente se faz uma escala seja via terrestre principalmente, mas também via fluvial e aérea, dentre outras características que igualmente facilitam essa prática. Há muito que autoridades, professores e pais, lutam contra essa realidade perversa, relativamente velada, mas que já responde por números significativos nas estatísticas policiais, hospitalares, etc.Na esteira desse “Cancro social”, vêm a gravidez indesejada, a proliferação de DSTs, notadamente a Aids, o aumento da violência, o consumo e o tráfico de entorpecentes e a desagregação familiar e social. Ouvi de uma menor aparentando pouco mais de 10 anos, oferecendo seu corpo em troca de um cigarro! E esse seria um “programa” relativamente caro, levando-se em conta que muitas não cobram nada.E a estratégia é mais ou menos conhecida. Ao cair da tarde, contrastando em geral com a magia do pôr-do-sol, elas começam a aparecer, levantam vôo; preferencialmente procuram as adjacências da estação rodoviária, mas não somente aquele lugar. O “visual” denuncia pouca ou quase nenhuma condição social. Roupas diminutas, sandálias de borracha, cabelos mais ou menos arranjados, um acessório qualquer e o inseparável baton, quase sempre de cor viva, uma espécie de “senha”. Andam em pequenos grupos, “estacionam” nos bancos das praças e começam a espreita. O mesmo ritual pode ser visto em outros “points” da cidade, bastante conhecidos por quem os freqüenta, aliás, público que não pára de crescer.E conquanto seja esse um problema que se alastra em todo o país, não podemos e não devemos fechar os olhos nem calar nossa voz. É bem verdade que muitas instituições, governamentais ou não, têm devotado uma considerável parcela de suas forças na luta contra essa trágica realidade. Mas ainda estamos muito longe do que esperamos ou pelo menos imaginamos. Entretanto, como diz um velho e, aliás, preocupado político brasileiro, “a luta continua”!

Quando será o amanhã?

A presença do Senador Gilberto Mestrinho, no programa político do PMDB, é emblemática e exige no mínimo, uma reflexão, notadamente pelos temas abordados pelo experiente “boto navegador”.Preocupado com o futuro da juventude amazonense, o “tri-governador” propôs um amanhã melhor, auspiciado pelo fim da ditadura militar e a conseqüente redemocratização do país.Escudado em figurinhas carimbadas da política nacional, como Pedro Simon, Renan Calheiros e o próprio Governador Eduardo Braga, Mestrinho, só pra não esquecer, defendeu um amanhã melhor para a juventude amazonense, valendo-se de imagens bem produzidas, com jovens devidamente orientados, falando textos previamente combinados e outros “milagres” que só a televisão pode fazer.Em um tom quase apelativo, como que antevendo o ocaso de um dos mais experientes políticos amazonenses, o programa do PMDB, fez um auto-elogio, lembrando suas lutas em favor de um país livre, democrático e, só pra não esquecer, que oportunizasse um amanhã melhor para nossa juventude.Pois bem, de Tancredo a Lula, o Brasil viveu anos de turbulência, registrou índices astronômicos de inflação, abriu suas fronteiras para o capital internacional, expôs suas vergonhas sociais através da ousadia da imprensa, testemunhou o crescimento e a influência do tráfico, gritou nas ruas e depôs um presidente, masturbou sua consciência, imaginando-se um dos muitos personagens de novela, ganhou mais duas copas, totalizando cinco estrelas no peito, contribuiu com os enormes índices de audiência dos BBB´s da vida, experimentou o “milagre” do Real e elegeu um capitalista travestido de sindicalista.E a juventude? A juventude continua esperando o amanhã melhor, utopia, aliás, que só tem servido para massagear o ego de quem, à custa do crédulo eleitor, continua se revezando no poder, sem nenhuma ou quase nenhuma preocupação, com o amanhã da juventude amazonense.Até porque, o amanhã de uma forma ou de outra, virá. Aliás, o amanhã, é o hoje que sonhamos ontem, quando imaginamos “um amanhã melhor”, que se revelou, aliás, hoje, com as mesmas dificuldades, os mesmos desafios e as mesmas desilusões, de quem acreditou que o amanhã seria melhor.Portanto, convém perguntar, quando será o amanhã? Ou, como será o amanhã? Não será difícil imaginar, sobretudo se o amanhã depender das velhas e boas promessas nas quais eu acreditei há vinte anos, quando tinha 20 anos, e acreditava que o amanhã seria melhor.

Humildade ou Competência?

Essa vem da edilidade local, que em uníssono proclamou as virtudes do novo colega de Parlamento, alçado àquela condição, graças a interesses que só o tempo, senhor da razão, revelará.Com frases feitas e sob a comoção do momento, o dito cujo foi cantado e decantado, como o “homem do povo”, “homem simples, humilde”, “gente boa, cheio de boas intenções”, “gente desse tipo é que precisa estar assumindo uma cadeira” e outros “tro-lo-lós”, aliás, amiúde conhecidos.E que mal há nisso? Que pecado há em ser reconhecido como um homem humilde? NENHUM! Absolutamente nenhum, não fosse a vinculação ao fato de que “ser humilde” é condição sine qua non, para ser um vereador de verdade! Como se o fato de “ser humilde”, fosse um atestado de honestidade, seriedade; um antídoto à corrupção.Há que se desfazer com urgência, o senso comum de que ser materialmente desprovido, ter “personalidade de cordeiro” ou ser intelectualmente raso, sejam requisitos e condição para o efetivo desempenho das reais funções da edilidade.Ser manso e humilde de coração é preceito bíblico, que todo homem deve perseguir em sua trajetória de vida. Entretanto, a gestão pública eficiente, a consecução de atividades que realmente visem ao bem comum e os interesses da coletividade, exigem conhecimento técnico, sim; experiência em gestão pública, sim.Aliás, resgatando o bom e velho Platão, o governante deveria ser “rei-filósofo”, isto é, o gestor tem que ter conhecimento de causa, saber movimentar-se na intrincada teia em que se configura a gestão pública, etc. Como legislar e discutir questões como Plano Diretor, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Plano Plurianual, Orçamento, dentre tantas outras matérias que exigem o crivo da vereança? Como debater questões recorrentes como soberania da Amazônia, meio-ambiente e temas específicos como a garimpagem no Madeira?Não se defende a presença de especialistas, Oxalá assim o fosse! Todavia, um mínimo de conhecimento, é sem dúvida condição imprescindível para essa atividade, condição sem a qual, indubitavelmente, o legislador fracassará, e, por falta de assunto, continuará no “tro-lo-ló”, “blá-blá-blá”, etc.E aí? O que é melhor? HUMILDADE OU COMPETÊNCIA? Naturalmente, as duas coisas. Nem pra lá, nem pra cá! O competente pode tropeçar na própria arrogância e o humilde na retórica distorcida e na falsa idéia de que o “humilde” será necessariamente um bom governante, um bom legislador.

Ainda necessitamos de Deus?

Quando a ciência assombrou o mundo com o anúncio da “super star” Dolly – 1º. mamífero clonado de uma célula adulta, em 1996, parecia mesmo que “não haveria mais restrição para todo o intento humano”. Mas o “criador” de Dolly – cientista Ian Wilmut, estava longe de dar a “palavra final”. Hoje, Dolly não existe mais. Entretanto, apesar de ter vivido poucos anos, a ovelhinha famosa abriu caminho a peripécias ainda mais ousadas. O pesquisador Ian Wilmut, agora clona humanos, aliás, foi o segundo no mundo a receber tal autorização. E brincando de Deus, a galera dos tubos de ensaio, decifrou o DNA humano, “ressuscitou” paciente em coma há 10 anos, trouxe a discussão das células-tronco, para o nosso quotidiano e a Entrepraise com suas jornadas pelas estrelas, já deve ser tão familiar no espaço, quanto pipoca em sessão de cinema.De repente, não mais que de repente, me aparecem com uma muda de Tamareira, cuja semente esteve adormecida, por não menos que dois mil anos! Acredite! Fizeram-na brotar, justamente lá pelos lados da Terra Santa. A ciência conseguiu despertar quem dormia há dois mil anos! E Não se assuste se o plantão do Jornal Nacional trouxer o Marcos Losekam ou o Caco Barcellos direto do Oriente, correndo ao lado de uma múmia ressuscitada, tentando uma entrevista exclusiva. E olha que a Globo consegue!Brincadeira a parte, o dilema entre fé e ciência parece mesmo estar destinado a ser um divisor de águas entre a comunidade científica e a comunidade cristã. Desde que Nietsche declarou a “morte de Deus”, o campo de batalha parece estar cada vez mais sangrento e o abismo entre ambas cada vez maior.De um lado, a chamada “fé cega” que rechaça qualquer sinal de descrença e se recusa a abrir o leque de suas próprias convicções, chegando mesmo ao extremo de atribuir muitas das inquestionáveis contribuições da ciência, à influência de satã! Gente que aprendeu a desaprender, educou-se para deseducar! Gente para quem o conhecimento científico é um obstáculo à fé.Do outro lado, a turma que há muito deixou Deus de lado. Basta-se a si mesma fundamentada num racionalismo extremo e humanista, alardeando a “incontestável” supremacia humana sobre seres e formas. Tudo é uma questão de descoberta. Tudo se explica. Tudo se descobre. E se precisar, se cria! Um registro se faz importante: nossos ávidos, destemidos e ousados, cientistas, têm sim, uma página de importantes contribuições à humanidade.E onde vamos parar com isso? Quem vai vencer essa queda de braço? Quem vai descortinar a próxima novidade? Quem assinará a autoria do próximo milagre? A fé? A ciência? Ambos?Sem dúvida, ainda somos relativamente jovens em se tratando de descobertas físicas e metafísicas, não restando a menor dúvida de que enquanto houver seres pensantes aqui ou em qualquer quadrante desse imenso espaço sideral, seremos testemunhas desse dilema, mas indubitavelmente testemunharemos também fatos que a fé chama de milagre, a ciência de descoberta, e Deus, bem, Deus quem sabe um dia resolva revelar o que realmente aconteceu!

Questão de memória!

A passagem relâmpago do Governador Eduardo Braga pelo município de Humaitá, na última segunda-feira (22.08), revelou uma prática deveras conhecida e que, ao que parece continua dando resultados, sobretudo no interior. Faltando apenas um ano para o início do maior processo eleitoral do país, Braga aterrissou com um time, aliás, formado por alguns “atletas” da melhor qualidade, na clara intenção de impressionar o povo mangabense com velhas e conhecidas promessas de campanha. Prometeu hospital novo, escolas novas, financiamentos agrícolas, expansão de rede de energia na cidade e no interior, auxílio às manifestações culturais, etc. Oxalá cumpra! Pois esse é seu papel.Tive a oportunidade de acompanhar de perto o então candidato Eduardo Braga em sua luta pelo ideal de se tornar governador do Estado, quando em Humaitá, nos idos de agosto de 2002, o jovem paraense derramou-se em elogios pela cidade, apontando seu potencial, etc., etc. Aliás, quem não lembra?Em uma conversa mais reservada, desta feita na casa do ex-prefeito de Humaitá, lá pelas tantas da noite, na presença de expoentes lideranças do Estado, Braga assegurou investimentos, que, tal qual o fez agora também, fariam de Humaitá, um belo município sob todos os aspectos.Mas os investimentos não vieram. E nem o governador! Vaidoso e personalista, Braga preferiu passar ao largo de nossas maiores necessidades, e, mais que isso, simplesmente desprezou as inúmeras reivindicações dos dois últimos prefeitos, inibindo a liberação de recursos e condenando o município a sobreviver dos parcos recursos institucionais. Embora poucos saibam, vale a pena lembrar que em setembro de 2004, o deputado estadual Lino Chíxaro apresentou ao nosso Dudu, projeto para a revitalização do sistema viário urbano de Humaitá, elaborado pela própria Secretaria de Estado de Infraestrutura e orçado em 3.054,999, 89 (Três Milhões, Cinqüenta e Quatro Mil e Oitenta e Nove Centavos). Curiosamente o governo, com pompa e circunstância, anuncia, meses depois, semelhante serviço, à “pequena quantia” de 11.800.163,15 (Onze Milhões, Oitocentos Mil, Cento e Sessenta e Três Reais e Quinze Centavos)! Dever de Casa: sabe quanto foi o percentual de majoração? E para onde vai a diferença?Dirão uns poucos: e a UEA? As escolas estaduais? O salário do funcionalismo estadual? A manutenção dos Órgãos estaduais? Direi eu: a manutenção dos compromissos institucionais do Estado é um dever de ofício e compromisso de qualquer governante. Não significa nada além do que eu ou você, teríamos que fazer, caso fôssemos nós o mandatário maior do Estado.Chamou-me a atenção uma frase do nosso querido Dudu, aliás, proferida quase em tom de súplica. Dirigindo-se ao público, muito mais interessado nas belas dançarinas dos grupos folclóricos, do que no palanque, absolutamente carente da beleza e da delicadeza feminina, Braga sentenciou: “vocês é que vão decidir se essas obras vão continuar ou parar”! Nem o Zé Simão conseguiria ser mais explícito!E pra não deixar dúvidas, mais uma promessinha de Eduardo Braga aos amantes da cultura: “se eu permanecer no governo, vou construir o maior anfiteatro que esse município já viu....”.Loas ao governador! Faltava realmente um anfiteatro! Afinal, já temos garantidos: vila olímpica, aeroporto internacional, porto de carga e descarga, hospital, escolas-modelo, Asfalto, Rodovias, produção de biodiesel, biblioteca virtual, centro de convivência da criança e do idoso, etc.E apenas e tão somente como sugestão, que tal investir no capital humano, na qualificação e valorização do magistério, no remodelamento da oferta de serviços oferecidos pelo Estado, dentre outras ações?

Vitória da Coerência

Pela terceira vez o brasileiro foi chamado às urnas para decidir uma questão nacional. Desta feita, a proibição ou não do comércio de armas e munição, uma exigência do artigo 35, parágrafo 1º. da Lei 10.826, conhecida como Estatuto do Desarmamento.O Referendo em si, não tem nada de mais, é uma previsão legal da Carta de 1988, entretanto, o contexto em que ele se deu e a forma como se tentou impor ao país a decisão acerca de uma das questões mais profundas, a violência, merece uma reflexão.Próprio de um governo que se acostumou a pintar um Brasil irreal, onde o superávit econômico é usado para mascarar gravíssimos problemas sociais, como se o povo comesse números, a proibição da venda de armas e munição, seria, da forma como foi apresentada pelos defensores do SIM, a resposta à inércia do Planalto, que simplesmente não consegue oferecer segurança à população.Cercado de técnicos ocos, como, aliás, lhe é peculiar, o governo não foi capaz de admitir que apenas 3,5% da população brasileira possuem armas, fato que por si só, já derruba o argumento de que a violência vem das armas do povo.E de olho nas benesses que a proibição traria, principalmente em relação à imagem do Brasil no exterior, a “toda-poderosa” e lugar-tenente do regime militar, rede Globo, convocou estrelas de primeira grandeza para convencer o Brasil do SIM. Pasmem! Até seu Chico Buarque entrou nessa! Bastou ver que a vaca estava indo pro brejo, pra emissora do plim-plim, fazer de conta que a coisa não era com ela... Sumiram as estrelas!E o Rio de Janeiro? Um dos Estados mais violentos do Brasil? Acostumado a conviver com tragédias diárias, fruto da utilização de armas de fogo, as mais diversas? Não deveria ter votado em peso no SIM? Simplesmente 61,83% dos fluminenses disseram NÃO! E aí?E pra completar a lambança, o próprio presidente da República vem a público e diz que votou SIM. Direito seu, claro! Mas dadas as circunstâncias, teria sido muito melhor ter ficado calado e deixado esse mico para depois...O Brasil finalmente deu uma demonstração de maturidade, entendeu que não é a proibição do comercio de armas que irá acabar com a violência, a nação deu um recado claro ao governo e a todos quantos desejarem discutir a matéria: a violência é consequencia!Do quê? De tantas coisas... Baixa escolaridade, desemprego, ausência do poder público em áreas essenciais, como a segurança pública, etc.E só pra não passar em branco, aqui em Humaitá ainda teve gente batendo na porta de vereador, pedindo uma botija de gás, em troca do voto! Gente desavisada é claro, mas muito bem acostumada aos tradicionais modelos de eleição, que se vêem por aqui...

O analfabeto político e o político analfabeto


Dentre a rica e copiosa obra do dramaturgo alemão Bertold Brecht (Augsburgo, 1898 - Berlim, 1956), uma dificilmente será superada. “O Analfabeto político” é uma daquelas antevisões que só acometem a homens da grandeza de Brecht e têm o poder de sobreviver à poeira do tempo."O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio, dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais".Brecht tinha razão. Absoluta razão. Mas é preciso que se diga mais. Se da ignorância política nascem as mazelas tão cristalinamente descritas pelo alemão, o político analfabeto também “tem culpa no cartório”.E não se trata aqui da ausência das letras ou de um diploma na parede. Trata-se de “analfabetismo moral e ético”. Trata-se da conduta deliberada de quem se arvora ao direito de fazer e acontecer, sob o manto da imunidade parlamentar e da ilusão de que a truculência e a canalhice são armas legítimas. Não o são!O político analfabeto é aquele que em pleno século 21 e em um absoluto estado democrático de direito, impõe-se pela força da chantagem e pelo ardor de manobras sórdidas, mesquinhas e norteadas pela pequenez da indolência arrogante.O político analfabeto é omisso tanto quanto ausente. Não dá “prego sem estopa”. É devoto de São Francisco de Assis; vive na base do “é dando que se recebe”. Do “toma lá, da cá”! E ameaçador, pois se imagina dessa forma, trilhar no lastro da dor de quem não tem como reagir.O político analfabeto não sabe dialogar; é truculento. Não tem discurso; apenas grita e esperneia quando a verdade lhe atinge a face. Não é humilde. Prefere a arrogância ao entendimento. Mal sabe ele que “quem planta vento, colhe tempestade”.O analfabeto político, esse analfabeto de valores, é raça em extinção. Não precisamos nem de sociologia pra percebermos que a sociedade está mudando. Já mudou. E vai extirpar com certeza de seu meio, a ignóbil presença do analfabeto político.E para terminar com Brecht, uma reflexão que sem dúvida, vale a pena: Os que lutam : “Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.”.Elias Pereira - Humaitá-AMeliasuea@hotmail.com