Humaitá (AM) – Representantes de vários setores da sociedade humaitaense reuniram-se na noite desta quarta-feira (25), no histórico Salão Dom José, num encontro promovido pela Comissão Justiça e Paz, que teve como tema principal “causas da violência e alternativas para fortalecer a justiça”. O evento é parte da programação da Campanha da Fraternidade 2009.
Na mesa de autoridades, o juiz da 2ª. Vara da Comarca de Humaitá, George Hamilton Lins Barroso, o comandante do Policiamento Regional Sul – CPR-sul, TC PM Daniel Picollotto Carvalho, o comandante da 4ª. Companhia Independente de Polícia Militar, Cap. PM André Luis Barros Gióia, o delegado de polícia civil, Teotônio Rego Pereira, o Diretor do Juizado Especial, Francisco Ubiratã Santos Moreira, o diretor da Unidade Prisional de Humaitá, Manoel Perdigão, o presidente da Câmara Municipal, Rademacker Chaves, além de representantes da prefeitura de Humaitá e do 54º. Batalhão de Infantaria de Selva.
Dezenas de pessoas lotaram o Salão, que recebeu secretários municipais, professores, estudantes, comerciantes, religiosos, funcionários públicos, representantes de organizações não governamentais e outras associações. Destaque para a Cooperativa dos Mototaxistas de Humaitá. Uniformizados, os cooperados compareceram em massa, em busca de reconhecimento da atividade, que se encontra em fase de legalização.
O encontro foi dividido em três momentos distintos. No primeiro deles dois palestrantes, Daniel Picolloto e Francisco Ubiratã, abordaram temas relacionados ao papel do Estado na segurança pública. Em seguida, os participantes questionaram as autoridades presentes, sobre vários temas relacionados à segurança pública. Na última parte do evento, os presentes encaminharam à Mesa, várias propostas, algumas delas, atendidas de imediato, como a que pediu policiamento constante no cruzamento da Rua das Flores com Avenida Brasil.
Em tom de desabafo, muitos questionamentos ressaltaram a falta de um policiamento mais presente, o combate mais rigoroso aos crimes de trânsito, as atuais condições do presídio municipal, o “crescente” aumento da violência na cidade e a suposta violência policial contra adolescentes infratores, por ocasião de suas apreensões, tema destacado pela conhecida Irmã Raquel Oliveira Leal.
Respondendo aos questionamentos que envolvem a Polícia Militar, Daniel Picollotto esclareceu a forma de trabalho da PM e as dificuldades enfrentadas pela Companhia em Humaitá, que, segundo ele, esbarra na falta de viaturas e de policiais, já que Humaitá, embora conte com cerca de 90 homens na 4ª. CIPM, 40 deles encontram-se atendendo outros municípios. O comandante reconheceu que é preciso melhorar, mas, “a polícia militar cumpre seu papel e está aberta às sugestões e reclamações da população”.
Também questionado sobre vários temas que envolvem o Judiciário, como Lei Seca, Drogas, Menores, dentre outros, o juiz George Hamilton detalhou como é a atuação da Justiça e quais os parâmetros que norteiam suas decisões. “Como juiz tenho que seguir a Lei, não posso ‘tirar a venda’ da justiça, nem de um lado, nem de outro”.
Questionado sobre um conhecido caso de homicídio, ocorrido na cidade há mais de uma década, cujos supostos autores, foram a Júri Popular, sendo condenados, porém, postos em liberdade, George Hamilton foi incisivo ao ressaltar que “o caso estava parado há mais de dez anos e nós realizamos o Júri”. Didático, o magistrado foi taxativo, “se os envolvidos foram colocados posteriormente em liberdade, essa decisão foi tomada em instâncias superiores da Justiça”.
O secretário municipal de Cultura, Vagson Cação, falou sobre o trabalho que está sendo proposto pela nova administração municipal, em relação à juventude, à cultura, etc. Segundo ele, “é preciso aprender e aproveitar a experiência de quem já vem fazendo esse trabalho ao longo dos anos”.
Vagson Cação citou exemplos como o Centro do Menor, Pastoral do Idoso, dentre outras instituições, que, segundo ele, “reúnem experiência bastante para a formação de parcerias com o município, no intuito de alavancar essas políticas públicas”.
Dentre as propostas apresentadas estão a criação imediata de uma casa de apoio a menores infratores, mulheres vítimas de violência, etc; policiamento permanente no cruzamento da Avenida Brasil com Rua das Flores, onde existe um grande fluxo de veículos, além de movimentação constante de estudantes; instalação da Delegacia da Mulher e criação de postos policiais nos bairros.
Veja alguns dos questionamentos apresentados à mesa:
- A chamada “Lei Seca” não serve para Humaitá?
- De quem é a responsabilidade de fiscalizar o trânsito na cidade?
- A que se deve o “crescimento” do consumo de drogas, latrocínio, formação de quadrilha, etc, na cidade?
- Como obter justiça em uma cidade pobre?
- Existe um monopólio comercial dos taxistas na cidade?
- Por que em Humaitá só se prende pobre?
- Quais as políticas públicas existentes para os jovens de Humaitá?
fonte: Elias Pereira
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