segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O analfabeto político e o político analfabeto


Dentre a rica e copiosa obra do dramaturgo alemão Bertold Brecht (Augsburgo, 1898 - Berlim, 1956), uma dificilmente será superada. “O Analfabeto político” é uma daquelas antevisões que só acometem a homens da grandeza de Brecht e têm o poder de sobreviver à poeira do tempo."O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio, dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais".Brecht tinha razão. Absoluta razão. Mas é preciso que se diga mais. Se da ignorância política nascem as mazelas tão cristalinamente descritas pelo alemão, o político analfabeto também “tem culpa no cartório”.E não se trata aqui da ausência das letras ou de um diploma na parede. Trata-se de “analfabetismo moral e ético”. Trata-se da conduta deliberada de quem se arvora ao direito de fazer e acontecer, sob o manto da imunidade parlamentar e da ilusão de que a truculência e a canalhice são armas legítimas. Não o são!O político analfabeto é aquele que em pleno século 21 e em um absoluto estado democrático de direito, impõe-se pela força da chantagem e pelo ardor de manobras sórdidas, mesquinhas e norteadas pela pequenez da indolência arrogante.O político analfabeto é omisso tanto quanto ausente. Não dá “prego sem estopa”. É devoto de São Francisco de Assis; vive na base do “é dando que se recebe”. Do “toma lá, da cá”! E ameaçador, pois se imagina dessa forma, trilhar no lastro da dor de quem não tem como reagir.O político analfabeto não sabe dialogar; é truculento. Não tem discurso; apenas grita e esperneia quando a verdade lhe atinge a face. Não é humilde. Prefere a arrogância ao entendimento. Mal sabe ele que “quem planta vento, colhe tempestade”.O analfabeto político, esse analfabeto de valores, é raça em extinção. Não precisamos nem de sociologia pra percebermos que a sociedade está mudando. Já mudou. E vai extirpar com certeza de seu meio, a ignóbil presença do analfabeto político.E para terminar com Brecht, uma reflexão que sem dúvida, vale a pena: Os que lutam : “Há aqueles que lutam um dia; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; Há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; Porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis.”.Elias Pereira - Humaitá-AMeliasuea@hotmail.com

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