segunda-feira, 13 de outubro de 2008
136 anos: nuvens no horizonte
Se a célebre constatação de Pero Vaz de Caminha, “nessa terra em se plantando tudo dá”, houvesse ecoado nos idos de 1869, mais precisamente nas paragens de Humaitá, não estaria em absoluto, fora de contexto, aliás, a pródiga terra-mãe que a todos acolheu e acolhe, tem testemunhado o apogeu e declínio de sucessivas gerações, seus sonhos, anseios e desilusões.Foi ela que encheu os olhos do destemido Francisco Monteiro, homem de fibra, que nela deitou as sementes da esperança de fartura e do sonho de riquezas. Foi ela que de coração aberto, acolheu levas de nordestinos, que em busca do “ouro branco”, embrenharam-se mata a dentro, regando com sangue, suor e lágrimas, o pedaço que mais tarde lhes serviria como última morada.Foi ela que de suas entranhas pariu gente do porte de Álvaro Botelho Maia, célebre defensor do caboclo amazônida, homem de inigualável saber e de retumbante discurso que a todos empolgava, bravura comparada a do destemido tuxaua Ajuricaba.Foi esta terra-mãe que de seu lugar privilegiado, viu a história ser escrita por mãos inteligentes, sábias, cujo ímpeto maior sempre foi o bem estar coletivo e a luta pelo bem comum. Mas viu também mãos sórdidas, gananciosas e ágeis, a dilapidar nossas riquezas e destruir nossos sonhos.Foi esta terra, que de braços estendidos, permitiu que nela fossem lançadas as sementes da fé. A religião era tão importante quanto necessária. Aliás, a seu modo, o homem não vive, sem religião.É ela, que guarda no seu relicário, um enorme corolário de histórias, contos, lendas, enfim. Belas histórias, que o tempo, silenciosamente está apagando, histórias que infelizmente estão sendo esquecidas na mente das poucas pessoas, que ainda delas se lembram.Mas é ela também, que vê raiar um novo, dia, um novo tempo, uma nova geração, uma nova forma de se tratar gente e coisas, governo e população. É ela que nos aponta novos caminhos e novas saídas, nuvens no horizonte, pequenas ainda, mas que já prenunciam uma nova realidade, graças a Deus! Nuvens que hão de trazer a esperada chuva de prosperidade e justiça, que haverá de inundar cada pedacinho desse chão. Chuva de moralidade, ética e respeito à coisa pública. Chuva de compromisso de seus governantes com a transparência, a seriedade e honestidade.Esta querida terra-mãe, abençoada por Deus e bonita por natureza, há ver seu povo letrado, respeitado, tratado como gente! Há de ver sua gente bonita, tratada com seriedade, porque gente daqui, não é coisa, objeto, gente daqui, pensa, sente, sonha, é inteligente e sabe cobrar.Essa terra-mãe há de ver governantes corruptos, recebendo o tratamento que merecem a injustiça sendo espancada impiedosamente e a intolerância dando lugar ao compromisso cristão da tolerância e do convívio pacífico de todos os cidadãos.Nossa querida terra mãe há de ver, o brado de Álvaro Maia, romper décadas e décadas de silencio, para finalmente produzir os efeitos que o tuxaua humaitaense tanto sonhava. A 9 de maio de 1923, em seu discurso Canção de Fé e Esperança, comemorativo à adesão do Amazonas à Independência do Brasil, Álvaro Maia recorreu ao exemplo de Ajuricaba, e assim sentenciou: [...] acordar na alma da mocidade, as energias adormecidas, vertendo-lhe aquele desapego que levou Ajuricaba à rebelião e à morte dos modos supremos de reagir às opressões e tiranias. [...] e com o pensamento na claridade redentora de amanhã, sonhando homens livres dentro de uma nação livre e um grande Amazonas integrado a um grande Brasil, fraternizados pela comunhão da terra e da raça, pelo mesmo ideal do idioma e da história [...].
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